Medida busca conter riscos à saúde provocados pelo uso indevido de medicamentos como semaglutida e tirzepatida, popularmente usados para emagrecimento
23/06/2025
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A partir desta segunda-feira, 23 de junho, farmácias e drogarias em todo o Brasil passaram a reter as receitas médicas dos chamados agonistas do GLP-1 — medicamentos injetáveis usados originalmente para o tratamento de diabetes tipo 2, mas amplamente prescritos para emagrecimento.
A decisão foi anunciada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e envolve princípios ativos como semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida, presentes em marcas conhecidas como Ozempic, Saxenda e Mounjaro. Com a nova regra, a receita médica ficará retida na farmácia, impossibilitando o uso repetido sem nova avaliação clínica.
A medida tem como objetivo conter o uso indiscriminado e fora das indicações aprovadas em bula, especialmente por pessoas que não possuem diagnóstico de diabetes tipo 2. O crescimento exponencial da procura por essas canetas — impulsionado por redes sociais e celebridades — levou a um aumento de eventos adversos graves, incluindo efeitos gastrointestinais severos, desidratação, pancreatite e até problemas psiquiátricos em alguns casos.
Em nota, a Anvisa destacou que a mudança “visa proteger a saúde da população diante do número crescente de relatos de efeitos colaterais, especialmente quando os medicamentos são usados para emagrecimento sem indicação formal.”
Essas substâncias mimetizam a ação de um hormônio chamado peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1 (GLP-1), que regula o apetite, retarda o esvaziamento gástrico e estimula a secreção de insulina. Embora os efeitos sobre o peso corporal sejam comprovados em estudos clínicos, seu uso para fins estéticos não está aprovado oficialmente no Brasil, com exceção de situações médicas específicas.
Antes, a receita podia ser devolvida ao paciente, permitindo novas compras sem retorno ao médico. Agora, com a retenção obrigatória, o paciente precisará passar por nova consulta e emitir uma nova receita para continuar o tratamento.
A Anvisa reforça que o uso dessas substâncias deve sempre ser individualizado e monitorado, com prescrição médica baseada em diagnóstico, exames e histórico de saúde do paciente.
A popularização das “canetas para emagrecer” tem preocupado endocrinologistas, que denunciam a normalização da automedicação e a banalização dos riscos associados a tratamentos hormonais. O uso sem supervisão pode agravar condições de saúde preexistentes e levar a complicações sérias.
Um estudo publicado no New England Journal of Medicine em 2022 apontou que, embora a tirzepatida e a semaglutida promovam perda de peso significativa, os riscos aumentam proporcionalmente quando não há indicação clínica clara nem acompanhamento especializado.