Estudo com 200 milhões de participantes associa consumo regular de cannabis a aumento expressivo de infarto e AVC; potência atual da planta agrava riscos
20/06/2025
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Apesar de sua popularização em contextos recreativos e terapêuticos, a maconha volta a ser alvo de alerta por parte da comunidade científica. Um estudo publicado em junho de 2025 no respeitado periódico Heart analisou dados de aproximadamente 200 milhões de pessoas e revelou que o uso regular de cannabis pode dobrar o risco de morte por doenças cardiovasculares.
Segundo os pesquisadores, os usuários frequentes da substância apresentaram 29% mais risco de infarto e 20% mais risco de acidente vascular cerebral (AVC), em comparação com não usuários. Além disso, o uso contínuo está associado a um risco aumentado de morte súbita cardíaca, sobretudo entre pessoas mais jovens.
Um dos fatores que contribuem para esse cenário é a alta potência da maconha comercializada atualmente, especialmente em países onde o uso foi regulamentado. De acordo com especialistas citados no estudo, a concentração de tetrahidrocanabinol (THC), principal composto psicoativo da cannabis, é de 5 a 10 vezes maior do que a encontrada nas versões da planta consumidas nas décadas de 1970 e 1980.
Esse aumento de potência eleva não apenas os riscos de dependência, mas também compromete o sistema cardiovascular, principalmente em pessoas com predisposição genética, hipertensão ou histórico familiar de doenças cardíacas.
Estudos anteriores já indicavam que o THC pode levar ao aumento da frequência cardíaca, alterações na pressão arterial e ao desenvolvimento de inflamações vasculares. Além disso, o uso crônico de maconha tem sido associado a problemas na coagulação do sangue, um fator de risco adicional para tromboses, AVCs e infartos.
Segundo os autores do estudo, embora a cannabis tenha propriedades terapêuticas promissoras, o consumo recreativo, principalmente sem acompanhamento médico, pode ter efeitos adversos sérios sobre a saúde cardiovascular.
Importante ressaltar que a maconha medicinal, quando administrada com orientação médica, segue padrões específicos de dosagem e controle de qualidade, além de contar com acompanhamento para monitorar efeitos colaterais. Mesmo nesses casos, pessoas com histórico de problemas cardíacos devem ter atenção redobrada e discutir os riscos com seu cardiologista.
O estudo reacende o debate sobre a banalização do uso da cannabis e a percepção equivocada de que, por ser uma planta, seu consumo é sempre seguro. Como qualquer substância psicoativa, a cannabis tem efeitos sistêmicos e, em certos contextos, pode trazer consequências graves à saúde.
A recomendação dos especialistas é clara: informação e acompanhamento médico são indispensáveis, especialmente diante de evidências científicas que apontam para riscos reais de doenças cardiovasculares associadas ao uso frequente da substância.