Alimentos hiperpalatáveis: entenda por que eles são irresistíveis e prejudicam sua saúde

Os alimentos hiperpalatáveis são aqueles projetados especialmente para estimular intensamente nossos sentidos, principalmente o paladar, tornando-os extremamente atraentes e difíceis de resistir. Geralmente, são alimentos industrializados ricos em açúcar, gordura e sódio, combinados de forma estratégica para gerar prazer e desejo contínuo pelo consumo, mesmo após saciar a fome.

O que torna um alimento hiperpalatável?

A hiperpalatabilidade é alcançada através de combinações específicas e altas concentrações dos seguintes ingredientes:

• Açúcar: doces, chocolates, refrigerantes, sorvetes e bolos.
• Gordura: alimentos fritos, fast-food, pizzas e snacks industrializados.
• Sódio (sal): salgadinhos, embutidos, comidas prontas congeladas e alimentos ultraprocessados.

Esses alimentos acionam nosso sistema de recompensa cerebral de forma intensa, liberando neurotransmissores como dopamina, responsáveis por gerar sensações de prazer e satisfação imediata. Essa reação é semelhante à provocada por substâncias consideradas viciantes, como álcool e drogas ilícitas, o que pode explicar por que esses alimentos são tão difíceis de evitar e controlar no dia a dia.

Por que esses alimentos são tão irresistíveis?

De acordo com pesquisas, alimentos hiperpalatáveis estimulam uma resposta exagerada no cérebro, especialmente nas áreas ligadas ao prazer e recompensa. Um estudo publicado no jornal científico Cell Metabolism (2023) destacou que a combinação simultânea de açúcar e gordura provoca um efeito único na ativação cerebral, intensificando o desejo de consumir mais desses alimentos, mesmo quando já estamos satisfeitos.

Além disso, esses alimentos são criados especificamente pela indústria alimentícia para garantir o máximo de prazer sensorial, usando técnicas para aumentar a crocância, cremosidade e aroma, potencializando sua atratividade.

Riscos para a saúde associados ao consumo excessivo

O consumo frequente e exagerado de alimentos hiperpalatáveis está diretamente relacionado ao surgimento e agravamento de diversos problemas de saúde, como:

• Obesidade: devido ao alto valor calórico e à facilidade em consumir quantidades excessivas.
• Diabetes tipo 2: pelo excesso de açúcar e carboidratos refinados.
• Hipertensão arterial: consequência do elevado teor de sódio presente nesses alimentos.
• Doenças cardiovasculares: provocadas pelo aumento de colesterol ruim (LDL) devido ao consumo excessivo de gorduras saturadas e trans.

Segundo um estudo brasileiro publicado em 2022 no periódico Frontiers in Nutrition, pessoas que consomem regularmente alimentos hiperpalatáveis têm maior risco de desenvolver dependência alimentar e transtornos relacionados à compulsão alimentar.

Como controlar o consumo desses alimentos?

A boa notícia é que existem estratégias práticas para reduzir o consumo de alimentos hiperpalatáveis e desenvolver hábitos alimentares mais saudáveis. Veja algumas dicas:

• Leia os rótulos: escolha alimentos com menos ingredientes industrializados, evitando aqueles com excesso de açúcar, sódio e gordura trans.
• Priorize alimentos naturais: frutas, legumes, verduras, grãos integrais e proteínas magras saciam e fornecem nutrientes essenciais ao organismo.
• Evite compras impulsivas: faça uma lista antes de ir ao supermercado e evite ir às compras com fome, o que aumenta a probabilidade de escolher alimentos hiperpalatáveis.
• Atenção plena durante as refeições (mindful eating): pratique a atenção plena ao comer, evitando distrações como televisão ou celular. Isso ajuda a perceber os sinais de saciedade e evita exageros.

Ao entender melhor o funcionamento dos alimentos hiperpalatáveis e seus riscos, é possível tomar decisões mais conscientes e saudáveis em relação à alimentação, contribuindo diretamente para a qualidade de vida e o bem-estar a longo prazo.

Fontes consultadas:
Cell Metabolism (2023). Disponível em: www.cell.com/cell-metabolism
Frontiers in Nutrition (2022). Disponível em: www.frontiersin.org/nutrition
Ministério da Saúde, Guia Alimentar para a População Brasileira. Disponível em: www.gov.br/saude