Um convite à pausa e reconexão, aprendendo a navegar no rio das nossas emoções com gratidão e espiritualidade para encontrar o equilíbrio interior.
9/11/2025
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Nossas emoções são como um rio caudaloso que corre dentro de nós. Ora sereno, ora turbulento, ele carrega a força vital que nos move, colore nossas experiências e nos conecta com o mundo. No entanto, em uma cultura que muitas vezes nos ensina a represar ou a desviar o curso desse rio, aprendemos a temer a sua força, com receio de que a correnteza nos arraste. O convite deste domingo, na nossa seção de Conexão e Reflexão, é para aprendermos a navegar nessas águas, honrando cada sentimento sem nos deixarmos afogar por eles.

Honrar as emoções começa com um ato de coragem: permitir-se sentir. Em vez de construir barreiras ou julgar o que emerge – seja alegria, tristeza, raiva ou medo – a proposta é acolher. Este movimento inicial é o que a psicologia chama de validação emocional: o reconhecimento e a aceitação dos nossos próprios sentimentos como legítimos. Como aponta o portal Psicólogos em Ribeirão Preto em seu glossário sobre o tema, a validação emocional é um componente essencial do autocuidado, pois “envolve reconhecer e aceitar suas próprias emoções, permitindo-se sentir sem críticas internas”.
Quando validamos o que sentimos, estamos dizendo a nós mesmos: “é normal sentir-se assim”. Essa simples permissão tem um poder transformador. Ela desarma a luta interna que drena nossa energia e abre espaço para a compreensão. Uma prática simples e poderosa, sugerida por especialistas, é o “diário das emoções”. Ao final de cada dia, reserve um momento para anotar os sentimentos que o visitaram e como você lidou com eles. Este exercício de autoconsciência é a base da inteligência emocional, um conceito aprofundado por Daniel Goleman, que, segundo artigo da PUCRS Online, considera a consciência das emoções um fator essencial para o desenvolvimento do indivíduo.

Uma vez que nos permitimos sentir, o próximo passo é aprender a navegar. Honrar as emoções não significa dar-lhes rédea solta para que controlem nossas ações. Trata-se de encontrar um equilíbrio delicado, uma dança entre sentir e agir com sabedoria. Aqui, a espiritualidade e a prática da gratidão oferecem ferramentas valiosas.
A espiritualidade nos convida a observar nossas emoções de uma perspectiva mais ampla, como nuvens que passam no céu da nossa consciência. Elas são visitantes, não a totalidade de quem somos. Essa observação consciente, sem apego, nos ajuda a criar um espaço entre o sentimento e a reação, permitindo-nos escolher como responder em vez de simplesmente reagir por impulso.
A gratidão, por sua vez, ancora-nos no momento presente e nos ajuda a ajustar o foco. Como destaca um artigo da Fraternidade Espírita Irmão Glacus (FEIG), a insatisfação constante, focada no que nos falta, gera um profundo desequilíbrio interior. A gratidão, ao contrário, “permite que valorizemos tudo o que temos, cada detalhe do que nos acontece, por menor que seja, com contentamento”.
Pesquisas, como as do cientista Robert A. Emmons, da Universidade da Califórnia, Davis, confirmam os benefícios dessa prática. Seus estudos apontam que manter um “diário da gratidão”, anotando diariamente as bênçãos recebidas, não só fortalece o sistema imunológico, mas também pode reduzir os riscos de ansiedade e depressão. Ao cultivarmos a gratidão, mesmo em meio às provações, aprendemos a enxergar as lições ocultas em cada desafio, como nos ensina o apóstolo Paulo em sua carta aos Tessalonicenses: “Em tudo dai graças” (1 Ts 5:18).

Honrar as emoções sem ser dominado por elas é, em essência, um ato de reconexão. É um retorno ao nosso centro, àquele lugar de paz interior onde podemos observar o fluxo das emoções sem sermos arrastados por ele. É nesse espaço sagrado que encontramos a clareza para discernir, a força para perseverar e a serenidade para aceitar o que não podemos mudar.
Ao praticar a validação emocional, cultivar a observação consciente e exercitar a gratidão, transformamos nossa relação com o nosso mundo interior. O rio das emoções deixa de ser uma ameaça e se torna uma fonte de sabedoria, intuição e vitalidade. Aprendemos a honrar sua força, a respeitar seus ciclos e a navegar suas águas com a confiança de quem sabe que, no leito desse rio, reside a essência da nossa humanidade. Que possamos, então, fazer uma pausa, respirar fundo e nos permitir essa profunda e curadora conexão.