Home  »  Notícias » Destaque » Top Stories  »  O horário das refeições pode impactar sua saúde cardiovascular? O que a ciência revela

O horário das refeições pode impactar sua saúde cardiovascular? O que a ciência revela

O impacto dos horários das refeições na prevenção de doenças cardiovasculares tem sido alvo de pesquisas recentes

10/03/2025

Gostou da publicação? Compartilhe e de uma força para o Leveza!

Cada vez mais estudos demonstram que não é apenas o que comemos que influencia nossa saúde, mas também quando comemos. O impacto dos horários das refeições na prevenção de doenças cardiovasculares tem sido alvo de pesquisas recentes, e os resultados apontam para uma relação importante: comer mais cedo no dia pode reduzir significativamente o risco de problemas no coração.

Afinal, qual é a explicação por trás dessa descoberta? Como adaptar a rotina alimentar para colher os benefícios dessa estratégia? Neste artigo, exploramos o que dizem os especialistas e como você pode aplicar esse conhecimento no seu dia a dia.

O impacto do horário das refeições na saúde do coração

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisa de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da França, publicada na revista Nature, acompanhou mais de 100 mil pessoas ao longo de sete anos. O estudo revelou que indivíduos que atrasavam a primeira refeição do dia tinham maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares.

Os dados apontaram que, a cada hora de atraso no café da manhã, o risco de problemas cardíacos aumentava em 6%. Isso significa que, se uma pessoa costuma fazer sua primeira refeição às 9h, sua vulnerabilidade a doenças cardiovasculares pode ser maior do que a de alguém que toma o café da manhã às 8h.

Mas a principal descoberta veio da última refeição do dia: indivíduos que jantavam depois das 21h apresentaram um aumento de 28% no risco cardiovascular em comparação com aqueles que finalizavam a alimentação antes das 20h.

Esses achados sugerem que o metabolismo humano responde melhor quando a maior parte da alimentação ocorre mais cedo no dia, respeitando os ritmos biológicos do corpo.

O que dizem outras pesquisas sobre alimentação e horários?

Esse não é um estudo isolado. A relação entre os horários das refeições e a saúde cardiovascular vem sendo amplamente estudada pela ciência nos últimos anos.

Um estudo publicado na revista Circulation, da American Heart Association, revelou que indivíduos que concentram a maior parte da ingestão calórica após as 18h apresentam maior risco de hipertensão e resistência à insulina, fatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Já uma pesquisa conduzida pelo Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, destacou que comer tarde pode prejudicar a queima de gordura e o controle do açúcar no sangue, aumentando a propensão ao ganho de peso e, consequentemente, ao acúmulo de gordura nas artérias.

Além disso, o campo da crononutrição — que estuda a influência dos horários da alimentação nos processos metabólicos — aponta que refeições tardias podem desregular os ritmos circadianos, afetando o funcionamento do corpo e favorecendo inflamações crônicas, que são fatores de risco para doenças do coração.

Por que jantar tarde pode aumentar o risco cardiovascular?

Existem algumas razões pelas quais comer tarde pode impactar negativamente a saúde do coração:

  1. Metabolismo mais lento à noite: durante a noite, a taxa metabólica basal reduz, o que significa que o corpo tem mais dificuldade para processar e utilizar os nutrientes ingeridos. Isso pode levar a um maior acúmulo de gordura e ao aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue.
  2. Efeitos sobre os hormônios: comer tarde pode interferir na liberação de hormônios como insulina e cortisol, desregulando a resposta do organismo ao açúcar e promovendo resistência à insulina — uma condição associada ao diabetes tipo 2 e às doenças cardiovasculares.
  3. Aumento da pressão arterial: estudos indicam que refeições feitas tarde da noite podem elevar a pressão arterial durante o sono, aumentando o risco de hipertensão, um dos principais fatores associados a infartos e derrames.
  4. Maior risco de refluxo e distúrbios do sono: comer muito próximo da hora de dormir também pode causar refluxo ácido, dificultando a digestão e impactando a qualidade do sono — e noites mal dormidas também aumentam o risco cardiovascular.

Como adotar uma rotina alimentar mais saudável?

Se os estudos apontam para benefícios em antecipar os horários das refeições, algumas mudanças de hábito podem ajudar a colocar essa estratégia em prática:

Tome café da manhã cedo: dê preferência a um café da manhã equilibrado, que inclua proteínas, fibras e gorduras saudáveis. Quanto mais cedo iniciar a ingestão alimentar do dia, melhor será a resposta metabólica.

Evite pular refeições: longos períodos sem comer podem desregular os níveis de glicose no sangue e induzir o corpo a compensar comendo em excesso à noite.

Antecipe o jantar: o ideal é jantar até duas a três horas antes de dormir, permitindo que o corpo tenha tempo suficiente para digerir os alimentos antes do descanso.

Atenção ao que você come à noite: evite refeições ricas em carboidratos simples e gorduras saturadas no jantar. Priorize proteínas magras, vegetais e gorduras saudáveis, como azeite de oliva e castanhas.

Respeite seu ritmo biológico: ajustar a alimentação ao relógio interno do corpo pode melhorar o metabolismo, a regulação hormonal e, consequentemente, a saúde cardiovascular.

Repensando os horários das refeições para um coração mais saudável

Os avanços científicos mostram que não basta apenas escolher os alimentos certos — o horário das refeições desempenha um papel crucial na saúde cardiovascular. Comer mais cedo pode melhorar a regulação dos hormônios, reduzir o acúmulo de gordura e favorecer a queima de calorias de forma mais eficiente.

Ajustar os hábitos alimentares para alinhar a ingestão de alimentos com os ritmos naturais do corpo pode ser uma estratégia simples e eficaz para reduzir o risco de doenças cardíacas. Se você deseja proteger sua saúde, talvez seja hora de repensar não apenas o que está no seu prato, mas também quando você o consome.

Fontes: CNN Brasil, Nature Communications, Circulation, Brigham and Women’s Hospital, El País, Medscape

Você vai gostar de ler também:
Um suplemento de musculação poderia ajudar a prevenir a demência?

A doença de Alzheimer, a mais comum das condições neurodegenerativas, afeta milhões e pode duplicar até 2050 nos EUA. Embora Read more

Correr pode ser tão eficaz quanto anti-depressivos, mostra estudo

Correr pode ser tão benéfico quanto medicamentos antidepressivos no combate à depressão e à ansiedade, revelam estudos recentes. Contudo, especialistas Read more

Estudo aponta que um a cada cinco beneficiários de plano de saúde tem obesidade

Estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelou que um em cada cinco beneficiários de planos de Read more