Desenvolver uma relação saudável com os erros não é apenas possível, mas essencial para uma vida mais leve e um desenvolvimento pessoal contínuo. Saiba como cultivar uma mentalidade de crescimento e ressignificar suas falhas.
18/09/2025
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Em uma sociedade que idolatra a perfeição e a eficiência, cometer um erro pode parecer um grande fracasso. Desde cedo, somos ensinados a nos envergonhar de nossas falhas, criando uma cultura de aversão ao erro que permeia nossas vidas pessoais e profissionais. No entanto, e se pudéssemos ver os erros não como um sinal de fraqueza, mas como um poderoso motor para o crescimento? Desenvolver uma relação saudável com as nossas falhas é um dos pilares para uma mente leve e um caminho sólido para o autodesenvolvimento.
A psicóloga Veluma Marzola, em artigo para o portal Psicologo.com.br, destaca que a pressão social por um desempenho impecável nos impede de aprender com nossas experiências [1]. Essa busca incessante pela perfeição nos coloca em um estado de vigilância constante, onde o medo de errar paralisa e limita nosso potencial. A verdade é que os erros são inevitáveis e, mais do que isso, são essenciais para a jornada de aprendizado de qualquer ser humano.

A forma como encaramos os erros está diretamente ligada à nossa mentalidade. A psicóloga e pesquisadora Carol S. Dweck, da Universidade de Stanford, revolucionou o campo da psicologia com seus estudos sobre a “mentalidade de crescimento” (growth mindset) em oposição à “mentalidade fixa” (fixed mindset). Indivíduos com mentalidade fixa acreditam que suas habilidades e inteligência são traços imutáveis. Para eles, o erro é uma prova de sua incapacidade, algo a ser evitado a todo custo.
Por outro lado, quem cultiva uma mentalidade de crescimento acredita que suas capacidades podem ser desenvolvidas através do esforço, da persistência e, claro, do aprendizado com os erros. Como aponta um artigo do portal Universo das Emoções, essa perspectiva nos encoraja a abraçar desafios e ver o fracasso como uma oportunidade para aprender e melhorar [2]. Ao adotar essa visão, cada falha se transforma em um degrau para o progresso.

Mesmo com a intenção de aprender, nosso cérebro pode nos pregar peças. Pesquisas em psicologia revelam mecanismos de defesa que nos impedem de encarar nossos erros de frente. Um deles é o “efeito da uva verde”, descrito pelo pesquisador Hallgeir Sjåstad. Após uma falha, tendemos a desvalorizar a tarefa ou o objetivo em questão como uma forma de proteger nosso ego. Se vamos mal em uma prova, podemos dizer a nós mesmos que aquela matéria “nem era tão importante assim”.
Outro mecanismo é o “efeito avestruz”, estudado por Lauren Eskreis-Winkler e Ayelet Fishbach. Ele descreve nossa tendência de simplesmente ignorar a informação negativa. Em vez de analisar onde erramos, nossa atenção se desvia, impedindo que a lição seja aprendida. Um artigo da BBC News Brasil sobre o tema explica que os sentimentos feridos pelo erro atuam como uma barreira, nos impedindo de codificar a resposta certa na memória [3].

Superar essas barreiras e construir uma relação mais saudável com os erros exige prática e autocompaixão. Aqui estão algumas estratégias baseadas em evidências científicas:
1.Assuma a Responsabilidade com Gentileza: O primeiro passo é reconhecer o erro sem se afundar na autopunição. Dizer “eu errei” não é o mesmo que dizer “eu sou um fracasso”. Assumir a responsabilidade nos devolve o controle da situação e abre espaço para a correção.
2.Pratique o Autodistanciamento: Para evitar as armadilhas emocionais, tente analisar a situação de uma perspectiva externa. Em vez de se perguntar “por que eu falhei?”, questione-se como se estivesse falando de outra pessoa: “por que [seu nome] falhou nesta situação?”. Essa técnica, como mostra a pesquisa citada pela BBC, ajuda a suavizar a carga emocional e permite uma análise mais objetiva [3].
3.Faça uma Reflexão Crítica e Construtiva: Reserve um tempo para entender o que aconteceu. Qual foi o processo que levou ao erro? Que fatores contribuíram? O que poderia ser feito de diferente no futuro? Essa análise transforma a falha em dados valiosos para o seu desenvolvimento.
4.Ofereça Conselhos a Outros: Uma estratégia contraintuitiva e poderosa é usar sua experiência para ajudar alguém em situação semelhante. Ao ensinar, reforçamos nosso próprio aprendizado e fortalecemos nossa autoconfiança. Ajudar os outros a evitar o fracasso aumenta nossas próprias chances de sucesso.
Desenvolver uma relação saudável com os erros é um processo contínuo de autoconhecimento e resiliência. Significa entender que o caminho para o sucesso não é uma linha reta, mas uma jornada repleta de desvios e aprendizados. Como disse Winston Churchill, “o sucesso é a habilidade de ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”.
Ao abraçar nossos erros com curiosidade e coragem, abrimos espaço para a inovação, a superação e uma vida com mais leveza e autenticidade. Lembre-se: cada falha é uma oportunidade de se tornar uma versão melhor e mais sábia de si mesmo.