Sofrer uma lesão não significa o fim da sua jornada fitness. Saiba como voltar às atividades de forma gradual, inteligente e sem riscos de novas contusões.
24/09/2025
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Para os amantes da atividade física, uma lesão pode parecer um obstáculo intransponível, gerando frustração e ansiedade. A vontade de retornar à rotina de treinos o mais rápido possível é grande, mas a pressa pode ser a maior inimiga de uma recuperação bem-sucedida. Voltar a se exercitar após um período de inatividade exige mais do que apenas força de vontade; requer paciência, estratégia e, acima de tudo, um profundo respeito pelos sinais do seu corpo.
Um retorno inadequado não só atrasa a recuperação completa como aumenta drasticamente o risco de novas lesões, que podem ser ainda mais graves. Portanto, entender como navegar neste período de transição é fundamental para garantir não apenas a volta à sua performance anterior, mas também a longevidade da sua saúde e bem-estar no esporte.
Antes mesmo de pensar em amarrar os tênis novamente, o primeiro e mais crucial passo é obter a liberação de um profissional de saúde. Como destaca o fisiologista do esporte Diego Leite de Barros, em material divulgado pelo Hospital do Coração (HCor), um check-up preventivo é essencial para avaliar seu nível de condicionamento físico atual e determinar a abordagem mais segura para o seu retorno [1].
Ignorar sintomas como dor persistente, inchaço, instabilidade ou limitação de movimento é um erro grave. O ortopedista Adilio Bernardes, em artigo para a CNN Brasil, alerta que a persistência nesses sinais pode transformar uma lesão simples em um problema crônico e de recuperação muito mais longa [2]. A avaliação de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, fisioterapeutas e educadores físicos, é o que garantirá um plano de retorno personalizado e seguro.
A reabilitação de uma lesão não é um interruptor que se liga e desliga, mas sim um processo contínuo e dividido em fases, cada uma com seus próprios objetivos. Um artigo da clínica B-Active, especializada em fisioterapia terapêutica, detalha um modelo de quatro estágios que ilustra bem essa jornada [3].
Fase da Reabilitação | Objetivo Principal | Atividades Comuns |
1. Fase Inicial | Reduzir dor e inflamação | Repouso, gelo, compressão e elevação (método RICE) |
2. Fase de Recuperação | Restaurar amplitude de movimento e função muscular | Alongamentos, exercícios de mobilidade e fortalecimento leve |
3. Fase de Fortalecimento | Aumentar força, resistência e estabilidade | Exercícios de fortalecimento com maior intensidade e carga progressiva |
4. Retorno ao Esporte | Reintroduzir movimentos específicos da modalidade | Treinos funcionais, simulações de jogo e retorno gradual à prática |
Atravessar essas fases sem pular etapas é o que constrói uma base sólida para um retorno seguro e duradouro, minimizando o risco de recidivas.
Com a liberação profissional e o entendimento do processo, a volta aos treinos deve seguir alguns princípios fundamentais para ser bem-sucedida.
Comece com baixo impacto: Mesmo que sua paixão seja a corrida ou o crossfit, o retorno deve priorizar modalidades de baixo impacto. Atividades como pilates, hidroginástica, ciclismo ergométrico e caminhada são excelentes opções para a fase inicial, como sugere o Dr. Bernardes [2]. Elas permitem recondicionar o corpo sem sobrecarregar a área lesionada.
Progrida gradualmente: A regra de ouro é ir com calma. A recomendação do fisiologista do HCor é clara: diminua o peso, faça treinos mais curtos ou percorra distâncias menores [1]. Aumentar a intensidade, o volume ou a frequência dos treinos deve ser um processo lento e consciente, sempre atento à resposta do seu corpo.
Fortaleça e alongue: O fortalecimento muscular, especialmente dos músculos que dão suporte à articulação lesionada, é vital para prevenir novas lesões. O alongamento, por sua vez, ajuda a recuperar a flexibilidade e a mobilidade. Dedicar de 10 a 15 minutos para se alongar antes e depois dos treinos é uma prática recomendada [1].
Nutrição e descanso são parte do treino: Uma alimentação rica em nutrientes e um sono de qualidade são essenciais para a reparação dos tecidos e a recuperação do metabolismo. O descanso adequado entre as sessões de treino é o momento em que o corpo de fato se adapta e evolui.
É crucial saber que existem situações em que a atividade física é absolutamente contraindicada. Um artigo revisado pela fisioterapeuta Marcelle Pinheiro para o portal Tua Saúde lista condições como febre, angina instável, crise hipertensiva e inflamações cardíacas como impeditivos para o exercício [4]. Treinar nessas condições pode levar a complicações graves.
Mesmo após a liberação, fique atento a sinais de alerta durante o exercício, como falta de ar desproporcional, tontura, dor no peito ou a volta da dor na área da lesão. Esses são indicativos de que você precisa parar e reavaliar sua estratégia com um profissional.
Retornar aos exercícios após uma lesão é um teste tanto para o corpo quanto para a mente. Exige paciência para respeitar os prazos de recuperação e persistência para seguir o plano de reabilitação. Lembre-se que o objetivo não é apenas voltar a treinar, mas sim construir um corpo mais resiliente e consciente. Ao ouvir os profissionais, respeitar as fases da recuperação e, principalmente, escutar seu próprio corpo, você estará pavimentando o caminho para uma vida ativa, saudável e livre de novas lesões.