quinta-feira, 5 de junho de 2025

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Estresse pode imitar doenças graves e atrasar diagnósticos importantes

Sintomas como dor no peito e dificuldade para respirar, muitas vezes associados ao estresse, podem levar à suspeita de condições cardíacas ou pulmonares

25/05/2025

Sensações de aperto no peito, cansaço extremo, falta de ar, tontura ou batimentos acelerados costumam gerar alarme imediato — e com razão. Esses sinais geralmente remetem a problemas cardíacos ou respiratórios. No entanto, há um fator muitas vezes negligenciado que pode causar exatamente as mesmas manifestações: o estresse psicológico.

Esse tipo de estresse, principalmente quando constante, pode interferir diretamente em funções corporais. O sistema nervoso autônomo, responsável por regular o ritmo cardíaco, a pressão arterial e a respiração, pode entrar em desequilíbrio em momentos de tensão prolongada, causando reações físicas que simulam doenças graves.

Segundo a cardiologista Dra. Karina Wulkan, do Hospital Israelita Albert Einstein, é comum que pessoas sob intensa pressão emocional relatem dores semelhantes àquelas causadas por angina. “Em muitos casos, os exames não revelam alterações cardíacas, mas os sintomas são reais e merecem atenção clínica”, afirma.

Um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology revelou que cerca de um terço dos pacientes que procuram emergência por dor torácica não apresentam alterações cardiovasculares. Muitos desses casos estão ligados a distúrbios emocionais, como o estresse ou a ansiedade generalizada.

Avaliação médica é indispensável

O maior desafio é distinguir quando os sintomas são causados por uma doença física ou por um desequilíbrio emocional. Para isso, exames clínicos e laboratoriais são essenciais. Ignorar esses sinais, ou tentar fazer autodiagnósticos, pode ser arriscado.

A psiquiatra Dra. Ana Clara Cordeiro alerta: “O estresse não tratado pode evoluir para quadros mais graves, como pânico ou depressão, além de aumentar o risco real de doenças metabólicas e cardiovasculares ao longo do tempo”.

Por esse motivo, clínicas e hospitais têm adotado um olhar mais integrado, reunindo diferentes especialistas para analisar os sintomas de forma multidisciplinar. Essa abordagem é especialmente útil quando os sinais físicos persistem, mas os exames não apontam anormalidades.

Como saber se os sintomas são emocionais?

Embora apenas um profissional possa fazer o diagnóstico com segurança, há pistas que ajudam a entender a origem dos sintomas:

  • os desconfortos surgem em momentos de sobrecarga emocional ou estafa mental;
  • as queixas não pioram necessariamente com esforço físico, como ocorre em doenças cardíacas;
  • exames como eletrocardiograma e ecocardiograma não mostram alterações;
  • o histórico recente inclui perdas, conflitos, pressão no trabalho ou excesso de responsabilidades.

Mesmo assim, é importante frisar: qualquer sintoma persistente deve ser investigado. O erro mais comum é minimizar sinais físicos pensando que são “apenas nervosismo”.

Cuidar da mente também protege o corpo

Ao identificar o estresse como origem dos sintomas, o tratamento pode incluir mudanças de rotina, psicoterapia, práticas de respiração e atividade física regular. Técnicas como meditação, yoga e exercícios aeróbicos leves ajudam a regular o sistema nervoso e reduzem significativamente o impacto do estresse no organismo.

Cuidar da saúde mental não é um luxo — é uma necessidade. Quando ignorado, o estresse deixa de ser apenas um incômodo e se transforma em um fator de risco real para a saúde global.