Estudos mostram que a prática regular de atividades físicas, especialmente aeróbicas, promove mudanças estruturais no cérebro, melhora a memória, estimula a neuroplasticidade e protege contra doenças neurodegenerativas
29/05/2025
A relação entre exercício físico e saúde mental vai muito além do bem-estar momentâneo causado pela liberação de endorfinas. De acordo com evidências científicas reunidas na página “Neurobiological effects of physical exercise” da Wikipedia e corroboradas por diversas pesquisas, a prática regular de atividades físicas — especialmente aeróbicas — provoca mudanças profundas e duradouras na estrutura e na função do cérebro.
Neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se reorganizar, formar novas conexões neurais e se adaptar a diferentes estímulos e experiências ao longo da vida. Exercícios físicos, como corrida, natação, ciclismo e caminhada, têm o poder de estimular esse processo. A atividade física regular aumenta a liberação de fatores neurotróficos, como o BDNF (brain-derived neurotrophic factor), essencial para o crescimento e a sobrevivência de neurônios.
Estudos com neuroimagem demonstram que pessoas fisicamente ativas apresentam maior densidade e conectividade em regiões-chave do cérebro, como o hipocampo — estrutura diretamente envolvida na formação de memórias e no controle emocional.
A matéria cinzenta, que contém os corpos celulares dos neurônios, é crucial para o processamento de informações e o controle cognitivo. Evidências mostram que indivíduos que praticam atividades aeróbicas regularmente apresentam aumento do volume dessa substância em áreas cerebrais associadas à memória, tomada de decisões e atenção.
Uma revisão publicada na NeuroImage (Erickson et al., 2011) constatou que o exercício físico pode, inclusive, reverter a atrofia do hipocampo em idosos, contribuindo significativamente para a prevenção do declínio cognitivo associado ao envelhecimento e a doenças como o Alzheimer.
Funções executivas, como planejamento, organização, autocontrole e flexibilidade cognitiva, também são aprimoradas com o exercício. Crianças, adultos e idosos fisicamente ativos apresentam melhor desempenho em testes de memória de trabalho, raciocínio lógico e atenção sustentada.
O exercício parece ainda atuar como um regulador do humor e do estresse, com impacto positivo na regulação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina — fundamentais para o equilíbrio emocional e prevenção de transtornos como depressão e ansiedade.
Os benefícios do exercício não se limitam ao curto prazo. Um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine (2020) mostrou que pessoas que mantêm uma rotina regular de atividades físicas ao longo da vida têm risco reduzido de desenvolver demência e apresentam melhor saúde mental mesmo após os 70 anos.
Além disso, exercícios em grupo ou ao ar livre favorecem a socialização e o engajamento, fatores reconhecidos como protetores contra o isolamento social e seus impactos sobre o cérebro.