A Ciência Explica Como a Atividade Física Pode Retardar o Declínio Cognitivo e Reduzir o Risco de Demência em Diabéticos
10/03/2025
O diabetes é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas globalmente e está associado a diversas complicações de saúde, incluindo problemas cardiovasculares, danos nos nervos e comprometimento renal. No entanto, um aspecto que tem ganhado destaque nos estudos científicos mais recentes é a conexão entre diabetes e o risco aumentado de demência, incluindo o Alzheimer.
Pesquisadores sugerem que essa relação pode estar ligada a processos inflamatórios persistentes, ao estresse oxidativo e a danos nos vasos sanguíneos que afetam a função cerebral ao longo do tempo. Um controle glicêmico inadequado pode acelerar o declínio cognitivo, tornando o cérebro mais vulnerável a doenças neurodegenerativas.
A boa notícia é que mudanças no estilo de vida, particularmente a inclusão de atividades físicas durante o tempo livre, podem trazer benefícios significativos para a saúde do cérebro em pessoas com diabetes. Um estudo brasileiro, conduzido no âmbito do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA), monitorou mais de 15 mil participantes por cerca de oito anos. Os pesquisadores identificaram que pessoas com diabetes que praticavam atividades físicas de lazer com regularidade – pelo menos 150 minutos semanais em intensidade moderada a vigorosa – tiveram um declínio cognitivo mais lento em comparação com aqueles sedentários. O efeito protetor do exercício foi tão significativo que, em média, o aparecimento de déficits cognitivos foi retardado em quase três anos nesses indivíduos.
Esses achados reforçam a tese de que a atividade física regular pode promover a plasticidade neural, melhorar a circulação sanguínea cerebral e reduzir a inflamação, criando um ambiente mais favorável para o funcionamento das células nervosas.
Outras pesquisas também apontam para os impactos positivos do exercício na saúde cognitiva. Um estudo publicado na revista Frontiers in Aging Neuroscience demonstrou que a prática regular de atividades físicas contribui para a redução da deposição de placas amiloides – um dos principais marcadores da doença de Alzheimer. Além disso, o estudo sugere que a combinação entre estímulos físicos e cognitivos fortalece as conexões neurais, retardando o processo de neurodegeneração.
Além disso, a inatividade física tem sido apontada como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da demência. Estudos indicam que, globalmente, um novo caso de demência pode ser atribuído ao sedentarismo a cada 45 segundos. Isso reforça a necessidade de incentivar práticas de lazer ativas, principalmente entre pessoas com diabetes, que já apresentam um risco aumentado para comprometimentos cognitivos.
Os benefícios do exercício físico não estão limitados a atividades de alta intensidade. Caminhadas diárias, dança, jardinagem e até mesmo brincadeiras ao ar livre podem contribuir para a saúde cerebral. O mais importante é manter uma rotina consistente, garantindo que o corpo e a mente se beneficiem da movimentação.
A chave para tornar o exercício um aliado na prevenção da demência está na regularidade e no prazer em praticá-lo. Atividades que envolvem interação social e estímulo mental, como esportes em grupo e aulas de dança, podem potencializar os benefícios, ajudando tanto no controle da glicemia quanto na preservação da memória e da função cognitiva.