Entenda como o desapego material e emocional promove mais saúde mental, bem-estar e qualidade de vida
15/06/2025
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Viver com menos é uma escolha que transcende modismos. Trata-se de um estilo de vida que prioriza o essencial, trazendo benefícios reais para o corpo e a mente. Em um mundo onde o acúmulo — de coisas, tarefas, informações — é muitas vezes visto como sinônimo de sucesso, o desapego surge como um convite à leveza e ao bem-estar. Reduzir os excessos, simplificar a rotina e cultivar a presença são práticas que têm ganhado espaço, especialmente entre aqueles que buscam mais saúde e equilíbrio emocional.
Ambientes sobrecarregados de objetos podem gerar sensação de sufocamento, dificultar a concentração e até influenciar negativamente o humor. Um estudo da Universidade da Califórnia, Irvine, publicado em 2010, analisou o comportamento de mulheres em ambientes domésticos. A conclusão foi clara: quanto mais desorganizado e cheio o ambiente, maior a produção de cortisol, o hormônio do estresse, ao longo do dia.
Essa relação entre bagunça e estresse tem explicações neuropsicológicas. Ambientes poluídos visualmente exigem mais do cérebro, que precisa filtrar estímulos o tempo todo. Isso gera cansaço mental, irritação e falta de foco. Por outro lado, um espaço mais limpo, com apenas o necessário, ajuda a criar uma atmosfera de calma e controle.
Práticas simples como fazer uma limpeza regular nos armários, eliminar papéis acumulados e manter só aquilo que realmente usamos trazem alívio quase imediato. A filosofia japonesa do “dan-sha-ri” — que significa recusar, descartar e separar — é um ótimo exemplo de como o desapego material pode se tornar uma prática de bem-estar.
O desapego também acontece dentro de nós. Acúmulo de mágoas, ressentimentos, culpas e cobranças internas pesa tanto quanto uma casa desorganizada. Muitas vezes, mantemos vínculos, hábitos ou memórias que não nos servem mais, mas permanecem ocupando espaço emocional e bloqueando nosso crescimento.
A psicologia positiva e terapias como o mindfulness reforçam a importância da aceitação, da presença e da prática do “deixar ir”. Um relatório publicado pela Harvard Medical School destaca que pessoas que cultivam o hábito de soltar o que não podem controlar apresentam menor incidência de transtornos como ansiedade e depressão.
Esse desapego emocional não significa frieza ou indiferença. Pelo contrário, é um sinal de maturidade emocional e de autocuidado. Ao liberar o que já não cabe mais, criamos espaço interno para emoções mais saudáveis, conexões mais autênticas e decisões mais conscientes.
Viver com menos também se reflete no estilo de vida. O minimalismo — que propõe reduzir o consumo e priorizar o essencial — não é sinônimo de escassez, mas de intenção. Trata-se de fazer escolhas com mais consciência, valorizando a qualidade em vez da quantidade.
Carl Newport, professor e autor do livro Deep Work, defende que eliminar distrações e compromissos desnecessários melhora a performance cognitiva e a satisfação pessoal. O minimalismo aplicado ao tempo, por exemplo, nos permite viver com mais presença: menos compromissos sociais vazios, menos redes sociais, mais foco no que importa.
Essa filosofia tem ganhado força especialmente após a pandemia, quando muitas pessoas perceberam que acumular bens ou viver no automático não significava, necessariamente, viver bem. O movimento de simplificação cresceu, trazendo à tona valores como autenticidade, conexão e propósito.
Quando deixamos o excesso para trás — seja material ou emocional — nos aproximamos de uma vida com mais presença, propósito e saúde. O desapego não é sobre perder, mas sobre ganhar espaço para o que realmente importa. E nesse espaço, cabem paz, clareza, autonomia e leveza.